Índio Mura

sábado, 31 de dezembro de 2011

A CAMINHO DO II ENCONTRO DA CABANAGEM

Cuipiranga (Santarém - PA), 06-08/01/2012


Pelo segundo ano consecutivo, a pequena comunidade de Cuipiranga, às margens do rio Tapajós, quase em frente de Santarém, será palco de um evento voltado à história e à memória da Cabanagem. Trata-se do II Encontro da Cabanagem, que acontecerá entre os dias 06 e 08 de janeiro, e que é uma iniciativa da Associação dos Moradores de Cuipiranga, com apoio do “Projeto Memórias da Cabanagem” (Programa de Antropologia e Arqueologia/PAA/ICS/UFOPA), DCE-UFOPA, SINTEPP, Prefeitura Municipal de Santarém, Dep. Edmilson Rodrigues, Ver. Carlos Jaime e Radio Rural, entre outros.

O objetivo do II Encontro, do mesmo jeito que o daquele que aconteceu em janeiro de 2011, é valorizar e celebrar a memória e a atualidade da luta dos cabanos, no lugar onde tiveram o seu mais resistente acampamento no Baixo Amazonas, e onde até hoje os moradores e descendentes lutam pelos seus direitos. Fazem parte da programação, além dos debates, piracaia, caminhada, levantação de mastro, folia do Marambiré, celebrações religiosas e homenagens aos mortos na guerra.

Toda essa mobilização tem à frente o antropólogo, frade franciscano e professor na UFOPA Florêncio Almeida Vaz, que atualmente coordena o Projeto Memórias da Cabanagem, onde estudantes e professores pesquisam a história da Cabanagem nos livros e recolhem as lembranças dos moradores sobre o período da guerra. A adesão dos estudantes universitários tem sido fundamental para o sucesso da iniciativa.
O resultado tem aparecido na forma de documentários em vídeo e textos, que são devolvidos aos comunitários através de encontros e debates. Os moradores parecem gostar, pois estes encontros sempre reúnem um significativo número de pessoas que querem contar e escutar histórias sobre a Cabanagem, e que querem se ver também nos filmes produzidos na região.

O primeiro momento deste processo foi a Caravana da Memória Cabana, um grupo de aproximadamente 20 pessoas, que no fim de maio de 2010 reuniu jornalistas, antropólogos, fotógrafos, cineastas e estudantes, e percorreu 10 comunidades no Baixo Tapajós. As 40 horas de gravação de imagens, com as memórias de 80 moradores, já resultaram em dois documentários: “Cuipiranga”, de Cristiano Burlan, lançado no I Encontro há um ano, e “Memórias Cabanas” de Clodoaldo Correa, que será lançado no dia 06 de janeiro em Cuipiranga, durante o II Encontro. Aguarda-se para breve um romance da antropóloga paulista Deborah Goldemberg, que junto com o Prof. Florêncio Vaz coordenou a Caravana da Memória Cabana. Outros artigos, dissertações e teses estão a caminho.

Os interessados em participar da Caravana que sairá de Santarém na manhã do dia 06/01/2012, devem reservar sua vaga URGENTEMENTE:
Prof. Dr. Florêncio Almeida Vaz – UFOPA
Coordenador do Projeto Memórias da Cabanagem
florenciovaz@uol.com.br Tel. (093)9184-4900
Faixa afixada em casa de palha em Cuipiranga durante o I Encontro mostra a associação entre a luta dos cabanos o enfrentamento da atual ameaça das hidrelétricas no rio Tapajós.

Foto de Maurício e Ramon.

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

“O CÔNEGO” E PAULO MIRANDA EM CUIPIRANGA E SANTARÉM

Um dos maiores destaques do II Encontro da Cabanagem será a presença do cineasta Paulo Miranda, de Belém, que vai lançar seu filme O CÔNEGO, que conta a história do Padre Batista Campos, figura central na primeira fase da Cabanagem. O filme, que será mostrado em Cuipiranga na noite do dia 7 de janeiro, foi lançado na capital faz poucos meses. Paulo Miranda vem acompanhado do ator José Jorge de Lana. Também pela primeira vez o filme vai ser apresentado em Santarém, no dia 9 de janeiro, em local e horário a ser anunciado ainda. A vinda Paulo Miranda tem o patrocínio da Prefeitura Municipal de Santarém, enquanto o Dep. Estadual Edmilson Rodrigues patrocina a vinda de José Jorge de Lana.

É muito significativo que o filme seja mostrado primeiramente aos humildes ribeirinhos de Cuipiranga e arredores, os descendentes dos cabanos que lutaram ali há 177 anos. É a junção da sua memória histórica com uma rara versão cinematográfica da mesma Cabanagem. Sem contar que o próprio Padre Batista Campos passou por Óbidos, Vila Franca, Alter do Chão e Santarém em 1831, três anos antes de ser morto nas matas do Acará, perto de Belém. Então, de alguma forma, ele volta às terras por onde passou pregando o levante contra a tirania e pela libertação.

Além do longa metragem "O Cônego", será lançado em Cuipiranga o documentário "Memórias Cabanas", do cineasta santareno Clodoaldo Correa, com relatos dos moradores de comunidades do rio Tapajós e quilombolas sobre a memória que as pessoas guardam dos tempos da Cabanagem. Essa obra vem se juntar a "Cuipiranga", o primeiro documentário lançado no rastro da iniciativa “Caravana Cabana” (maio de 2010), coordenada pelos antropólogos Deborah Goldemberg e Florêncio Vaz.

Mais informações sobre o filme O CÔNEGO:
http://www.orm.com.br/amazoniajornal/interna/default.asp?modulo=829&codigo=545098
http://www.youtube.com/watch?v=mEmw2qKjfMs (fotos do filme)
http://www.youtube.com/watch?v=bTJozIEvuds (chamada do filme)

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

PLACA DE HOMENAGEM AOS CABANOS NO CEMITÉRIO DE CUIPIRANGA

DEIXADA DURANTE O I ENCONTRO DA CABANAGEM

Os dizeres são:

175 ANOS DA CABANAGEM
“Ainda que os pés pisem mil anos neste lugar
Não apagarão o sangue dos que aqui caíram
E não se extinguirá a hora em que caístes
Ainda que mil vozes cruzem este silêncio”.
(Pablo Neruda)

Nesta terra vermelha, nós cidadãos(ãs) amazônidas nos reunimos,
Para fazer memória da luta daqueles
Que aqui se levantaram contra a opressão
E ousaram decidir os seus próprios destinos
Este ideal é a nossa herança.
Cuipiranga, 07.09.2011

Obs. O trecho original de Neruda é:
“Aunque los pasos toquen mil años este sitio
No borrarán La sangre de los que cayeron
Y no se extinguirá La hora em que caisteis
Aunque miles de voces crucen este silencio”

Está na “Homenagem aos Mártires do Estádio do Chile”, deixada em 30/04/1990 pela Coordenação Nacional das Organizações pelos Direitos Humanos, em Santiago do Chile. Calcula-se que 3.000 mil pessoas foram presas, torturadas e mortas naquele local nos dias que se seguiram ao Golpe de Estado de 11 de setembro de 1973.
Calcula-se que foram mortas 40 mil pessoas na Amazônia durante a Cabanagem. Algumas das vítimas pertenciam a classe alta ou média: eram portugueses ou seus descendentes. Porém, a massa dos torturados e assassinados era composta principalmente de indígenas, negros, mestiços e brancos empobrecidos. O que disse Neruda faz muito sentido aqui, como também em toda esta vasta Nossa América Latina.

07.01.2011 - A bandeira vermelha ainda cobria a placa, que logo estava solenemente inaugurada e rodeada por crianças, jovens e idosos, os participantes do I Encontro da Cabanagem. Foi um dos momentos mais profundos e místicos, tendo o sol, o rio e a floresta como testemunhas (Foto: Sáida)

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

CUIPIRANGA - O SANGUE QUE NÃO SECA E A BANDEIRA QUE CONTINUA DE PÉ

A CABANAGEM CONTINUA: RUMO AO II ENCONTRO DE CUIPIRANGA

II ENCONTRO DA CABANAGEM

Cuipiranga (Santarém - PA), 06-08/01/2012

Iniciativa da Associação dos Moradores de Cuipiranga, com apoio do “Projeto Memórias da Cabanagem” (Programa de Antropologia e Arqueologia/PAA/ICS/UFOPA), DCE-UFOPA, UES, SINTEPP, GCI e Radio Rural.
Objetivo: Valorizar e celebrar a memória e a atualidade dos cabanos no lugar onde tiveram o seu mais resistente acampamento no baixo Amazonas, e onde até hoje os moradores e descendentes lutam pelos seus direitos.
A previsão é reunir 200 pessoas, entre moradores de Cuipiranga e comunidades vizinhas e o grupo de 40 acadêmicos da UFOPA e representantes de movimentos sociais que irão de Santarém.

Programação
06/01/2012
07:00 hs – Saída do barco de Santarém para Cuipiranga, levando estudantes e professores da UFOPA e demais participantes.
11:00 hs – [Após chegada do barco a Cuipiranga] Recepção e apresentação dos visitantes e abertura do Encontro.
12:00 – Almoço
14:30 hs – História e memória da Cabanagem: 177 anos de uma guerra que não acabou – Hoje a luta é contra as hidrelétricas.
[mesa-redonda e discussão, com participação de pesquisadores, visitantes e moradores]
17:30 hs – Levantação do mastro da festa
19:30 hs – Celebração religiosa na praia seguida de apresentação do Marambiré.
20:30 hs – Lançamento do documentário MEMÓRIAS CABANAS, de Clodoaldo Correa.

07/01/2012
06:00 hs – Café da manhã
06:30 hs – Saída da Caminhada dos Cabanos, de Cuipiranga, passando por Vila Amazonas, em direção à comunidade de Guajará (sai do lado do rio Tapajós para o rio Amazonas).
10:00 hs – Chegada e recepção em Guajará, seguida de discussão sobre o sentido da Caminhada e da luta dos cabanos hoje: a proposta de criação do MUSEU ABERTO DA CABANAGEM.
12:00 hs – Almoço coletivo
13:00 hs – Apresentação de filmes e documentários
14:30 hs – Despedidas e volta para Cuipiranga.
19:30 hs – Ritual/celebração
20:00 hs – Lançamento do filme O CÔNEGO (com a presença do diretor Paulo Miranda), seguido de debates.
22:00 hs – Festa dançante

08/01/2012
7:00 hs – Café da manhã
8:00 hs – Homenagem aos cabanos: Visita ao Cemitério de Cuipiranga
9:30 hs - Avaliação e planejamento do evento
10:30 hs – Ritual de despedida Derrubada do mastro
11:30 hs – Piracaia (almoço) de despedida e final do encontro
15:00 hs – saída do barco para Santarém

Maiores informações e reserva de vagas:
Prof. Dr. Florêncio Almeida Vaz – UFOPA
Coordenador do Projeto Memórias da Cabanagem
florenciovaz@uol.com.br
(093)9184-4900