Índio Mura

sábado, 3 de novembro de 2012

PROGRAMAÇÃO DO III ENCONTRO DA CABANAGEM


Cuipiranga e Vila Amazonas, 04-06/01/2013
04/01/2013
07:30 hs – Saída do barco de Santarém para Cuipiranga, levando acadêmicos, ativistas sociais e demais participantes cidadãos(ãs).
11:00 hs – [Após chegada a Cuipiranga] Recepção e apresentação dos visitantes e moradores e abertura do Encontro, com as explicação da sua motivação: manter viva a memória da Cabanagem, a guerra que não acabou.
12:00 – Almoço
14:30 hs – Interação e brincadeiras com crianças e adolescentes no barracão.
16:00 hs – Torneio de futebol masculino e feminino.
17:30 hs – Levantação do mastro da festa
19:30 hs – Celebração religiosa na praia seguida de apresentação do Marambiré.
20:30 hs – Mostra de documentários, debates e animação cultural.

05/01/2013
06:30 hs – Café da manhã
07:00 hs – Saída da Caminhada dos Cabanos, de Cuipiranga a Vila Amazonas, (sai do lado do rio Tapajós para o rio Amazonas).
10:00 hs – Chegada e recepção em Vila Amazonas, seguida de discussão sobre o sentido da Caminhada e da luta dos cabanos hoje a proposta de criação do MUSEU ABERTO DA CABANAGEM.
12:00 hs – Almoço coletivo (servido pelos moradores no barracão comunitário)
13:00 hs – Apresentação de filmes e documentários e debates.
15:00 hs – Despedidas e volta para Cuipiranga.
19:30 hs – Ritual/celebração
20:00 hs – Apresentações culturais e Festa dançante

06/01/2012
7:00 hs – Café da manhã
8:00 hs – Homenagem aos cabanos: visita ao Cemitério de Cuipiranga, com “iluminação” e salva de fogos.
9:30 hs - Avaliação e planejamento do evento
10:30 hs – Ritual de despedida Derrubada do mastro
11:30 hs – Piracaia (almoço na praia) de despedida e banho de rio - final do encontro
16:00 hs – Saída do barco para Santarém

INFORMAÇÕES E RESERVAS DE PASSSAGEM:
Claudio Curuja (Cuipiranga) – Tel. (093)9184-8969;
Rodrigo (Santarém) - 9154-6472;  w.rodrigohistoriador@bol.com.br
Alvina Cunha - 9191-7453; alvinacunha@gmail.com
Ib Tapajós - 9145-3010; ibtapajos@hotmail.com
Carlos Jaime – cj13mandatocoletivo@gmail.com
Florêncio Vaz - 9184-4900; florencioalmeidavaz@gmail.com

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

RUMO AO III ENCONTRO DA CABANAGEM!


Caros amigos e companheiros da causa cabana,
Já estamos nos aproximando do III Encontro da Cabanagem, que acontecerá em Cuipiranga entre os dias 04 e 06 de janeiro de 2013, e estamos preparando a viagem da nossa comitiva que sai de Santarém. A previsão é reunir 50 caravanistas, como nas edições anteriores. O barco sairá na 6ª feira 04/01/2013, às 07:30 hs da manhã, e devemos estar de volta a Santarém às 19:00 hs do domingo, 06/01. Você já está convidado.
Será uma boa oportunidade para conhecer o lugar-chave da guerra da Cabanagem no baixo Amazonas e se entrosar com as famílias da comunidade. Os caravanistas ficarão hospedados nas casas dos nativos. Um dos nossos objetivos é entrar mais no mundo destes cabanos de hoje e também conhecer os rastros dos rebeldes de ontem. Faremos até a Caminhada pelos caminhos que eles tantas vezes eles percorreram. Queremos efetivar trocas políticas, culturais e afetivas com este mundo que é nosso, mas do qual sabemos muito pouco.
Aos interessados em participar, já temos os seguintes encaminhamentos:
1. A passagem no barco custará R$50,00 (estudante) e R$$100,00 (demais profissionais);
2. Precisamos de apoiadores, principalmente para cobrir os gastos com combustível e alimentos. Mas camisetas, chapéus, fogos de artifício, faixas e outros materiais serão bem vindos.
Contatos:
Claudio Curuja (Presidente da Associação de Moradores de Cuipiranga) – (093)9184-8969;
Nossa equipe em Santarém: Rodrigo 9154-6472;  w.rodrigohistoriador@bol.com.br
Alvina Cunha - 9191-7453; alvinacunha@gmail.com
Ib Tapajós - 9145-3010; ibtapajos@hotmail.com
Florêncio Vaz - 9184-4900; florencioalmeidavaz@gmail.com

"CONHECER CUIPIRANGA E SUA GENTE É UMA EXPERIÊNCIA INTELECTUAL INTRIGANTE"


[Alvina Cunha, autora do relato, está à esquerda com a menina de vermelho]
Quando recebi do professor Florêncio Vaz o convite para conhecer a comunidade de Cuipiranga [13-15/07/2012], não imaginei o quanto essa experiência seria enriquecedora e prazerosa ao ponto de reacender em mim a indescritível sensação de estar diante de um documento, que é ao mesmo tempo testemunho da nossa história. Cuipiranga, porém, não é apenas um pedaço de papel por muito tempo conservado em um arquivo, mas um retrato vivo da história da Cabanagem que a todo momento se renova, se modifica e se conserva com todas as suas nuances nos relatos da gente que ali vive e convive diariamente com a memória da Cabanagem.

A primeira sensação, porém, ao pisar na “terra vermelha” foi a estranheza de ter que viver, por dois dias, em uma realidade completamente diferente a que estou acostumada. Mas este sentimento logo foi substituído pela alegria de ser recepcionada com a mais alta cortesia por uma gente simples cujo mais valioso bem que possuem é a gentileza de fazer o mais estranho visitante se sentir em casa. Nesse aspecto não seria justo citar o nome de uma ou outra pessoa, pois todos, sem exceção, estão igualmente contemplados.

Além da calorosa receptividade, outros aspectos chamaram a minha atenção naquele lugar. A exuberante beleza natural (que dispensa qualquer comentário) foi um deles, mas os aspectos sociais - o modo de vida das pessoas e as imbricadas relações que elas tecem umas com as outras, com a natureza e com a memória da Cabanagem - foram os que mais me impressionaram: saber que ali, para aquelas pessoas, a areia é vermelha porque um dia foi manchada pelo sangue dos cabanos mortos em combate; conhecer o lugar onde seus corpos foram enterrados sob essa mesma terra; ouvir o relato daqueles que ainda hoje guardam na memória o que lhes foi contado e da mesma forma a transmitem; navegar pelos rios e caminhar por dentro da mata fazendo o exercício de imaginar como os cabanos ali se locomoviam e planejavam suas estratégias de guerra é uma experiência intelectual que transcende a matéria e supera qualquer cansaço físico.

Apesar do cansaço ter sido grande já nas primeiras horas do dia seguinte, devido à visita inesperada de vários besouros durante a noite, logo me senti reconfortada pela prazerosa conversa com uma moradora que me relatou seu sentimento de auto-identificação com o povo cabano, enquanto outras comunidades negam esta identidade por associá-la a algo pejorativo, reforçada pela idéia ainda hoje comum associada ao movimento da Cabanagem.

[Fotos: Professor e Frei Florêncio Almeida Vaz]
Assim, não me resta outra alternativa a não ser agradecer pelo convite que, se em um primeiro momento foi recebido com ingenuidade, logo foi transformado em uma experiência intelectual tão intrigante, quanto enriquecedora. Obrigada, professor Florêncio Vaz, obrigada, povo de Cuipiranga pelo presente a mim concedido de conhecê-los, mas ainda mais por terem sido tão valorosos guardiões da nossa história. Espero um dia poder me juntar a vocês na reconstrução desta memória.

Alvina Cunha (Estudante da UFOPA)