É preciso registrar, que os fatos e acontecimentos mais simplórios e ao menos curiosos, a respeito da Guerra da Cabanagem, são abrigados nas memórias dos mais antigos que outrora eram denominados "de Guardiães das Memórias". Faz-se necessário agilizarmos os registros e coletas dessa história oral, pois muitos desses depoentes estão sujeitos aos efeitos do tempo e das circunstâncias.
Num passado remoto, uma cortina de silêncio fora imposta a cada um destes que foram protagonistas ou ouvintes da história a eles perpassada, dentro de uma concepção europeizante de subalternidade em emplacar o exímio esquecimento deste grande e salutar movimento; hoje, ao terem oportunidade de contar sua "história" e revelar-nos acontecimentos próprios de sua vivência, bem como fatos simpliciter da Revolução Cabana, muitos desses depoentes se deparam com o desgaste e efeito do tempo dentro de um processo de envelhecimento, o qual caminha para o suspiro e seu silenciamento neste plano material.
No último dia 23 de dezembro, perdemos uma de nossas grandes depoentes e contribuinte no projeto memórias da Cabanagem, Dona Maria Zenaide do quilombo Pérola do Maicá veio a falecer e levar consigo uma miscelânia de saberes e histórias, todavia, que registre-se que ela nos reportou a uma nova versão de cabanagem negra no baixo Amazonas, protagonizada por um maranhense denominada por ela como o pioneiro na fuga de escravos na região, os quais por sua vez deram início a formação de quilombos, mocambos e cacoais nas margens do amazonas e tapajós.
Corramos e nos apressemos!!! Os guardiães das memórias não esperarão tanto tempo para compartilhar seus saberes e histórias e registrá-las no ímpeto amálgama da historiografia...
É chegada a hora do III Encontro da Cabanagem, geremos expectativas, vamos ao palco histórico de Cuipiranga despidos de todo e qualquer (pré) conceito,, vamos a discussão e debate, para que sob a luz da historicidade construamos teses e reconstruamos pequenos fragmentos dessa história.
"Não foquemos só os acontecimentos marcantes, demos atenção aos detalhes... Os detalhes são como o brilho dos diamantes, é preciso lapidá-lo, leva tempo e esforço, mas quando concluído, é esse brilho que dá significado e significância, e que faz toda a diferença"
Prof. MsC* Wilverson Rodrigo S. de Melo |
Pesquisador de História da Amazônia, mestrando do
Programa de Pós-graduação em História da UFPE e
Co-coordenador do III Encontro da Cabanagem
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