Caros amigos (as),
Em
2015 teremos os 180 anos da tomada de Belém (07/01/1835) pelos rebeldes
paraenses, o ponto mais alto da Guerra da Cabanagem envolveu todo o
interior da Amazônia e só terminou em 1840, debaixo de muita repressão e
sangue. Mais do que o tal de “Grito da Independência do Brasil” e
outras eventos cantados e valorizados pelo Estado brasileiro e pelas
classes dominantes, a Cabanagem é para nós da Amazônia a nossa Revolução
Francesa ou a nossa Revolução Cubana.
Como
uma “guerra que ainda não terminou” (como disse o professor Manuel
Dutra), a Cabanagem foi um divisor de águas na constituição e afirmação
de um jeito de ser, de viver e de lutar amazônida. Foi o momento em que
os nativos da Amazônia se levantaram e mostraram que tinham um projeto
político próprio, para além da escravidão e da submissão às metrópoles
coloniais (Lisboa e Rio de Janeiro).
Por
isso mesmo os donos do poder nesta região silenciam completamente sobre
esta data e a importância da Cabanagem. Mas nós os indígenas,
quilombolas, trabalhadores e cidadãos em geral precisamos seguir fazendo
memória e contando às novas gerações o que foi e o que é a Cabanagem. E
a Cabanagem de hoje é o levante dos Munduruku e ribeirinhos no rio
Tapajós contra as hidrelétricas, a Cabanagem hoje são os indígenas e os
quilombolas entrando nas universidades, é o nosso povo continuando suas
tradições das festas de santo e Marambiré, por exemplo.
Gostaria
de sugerir que os vários coletivos sediados aqui no Baixo Amazonas, e
em toda a Amazônia, organizassem eventos públicos para marcar esta data e
provocar a consciência política da nossa gente, e cobrar as
autoridades. Grupos e teatro, música e estudos; comunidades de igreja e
demais movimentos sociais; estudantes universitários; profissionais da
comunicação etc. Cada um de nós pode e deve fazer algo. E o resultado
será muito bom e marcante.
O
MEC/TV Escola deve lançar este ano o documentário "A Revolta da
Cabanagem", de Renato Barbieri e Victor Leonardi, que incorpora as novas
visões e descobertas sobre a Cabanagem.
A
programação das comemorações dos 180 anos da Cabanagem já começou. No
dia 24/11/2014, no Instituto Esperança de Ensino Superior (IESPES),
houve a palestra "Memórias Cabanas no Baixo Tapajós: entre traços da
escrita e da oralidade", proferida pelo mestrando em história (UFPE)
Prof. Wilverson Rodrigo S. de Melo.
Mini auditório ficou lotado!
E
vem aí o V Encontro da Cabanagem (09-11/01/2015), em Cuipiranga
(comunidade ribeirinha localizada em frente de Santarém), que já se
tornou uma tradição. Organizada por estudantes universitários,
pesquisadores e gente de movimentos sociais e de Igreja, que viajam em
caravana para Cuipiranga, o Encontro é também iniciativa dos moradores
do lugar, ainda hoje muito orgulhosos da sua história, dos seus
antepassados. AGENDE-SE!
Em Breve anunciaremos mais informações sobre o V Encontro da Cabanagem. Fique atento!
Veja mais informações sobre as caravanas a Cuipiranga realizadas desde 2010: http://caravanacabana.blogspot.com.br/
Aguardamos propostas de outros eventos, e nos colocamos à disposição para o apoio necessário e possível.
Cabanos, avançar! As nossas lutas ainda continuam...
Cordialmente,
Coordenação do V ENCONTRO ABERTO DA CABANAGEM
Florêncio Almeida Vaz (florencioalmeidavaz@gmail.com)
Wilverson Rodrigo S. de Melo (w.rodrigohistoriador@bol.com.br)
João Tapajós (joao_cbrasil@hotmail.com)
Nenhum comentário:
Postar um comentário