“Novos cabanos”: o recente processo de ressurgimento e
ressignificação de identidade no Baixo Tapajós
Wilverson Rodrigo Silva de Melo
Universidade Federal de
Pernambuco (UFPE)
w.rodrigohistoriador@bol.com.br
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RESUMO - Este trabalho tem por objetivo
analisar o processo cultural de ressignificação de identidade de alguns grupos
indígenas, e um pequeno percentual de povos tradicionais e quilombolas da
mesorregião do Baixo Tapajós no Oeste do Estado do Pará, mediante a apropriação
identitária do termo “novos cabanos”, proveniente dos estudos recentes sobre a
Revolução-revolta da Cabanagem no Grão-Pará em meados do século XIX. A
proposta metodológica fundamentou-se a partir de levantamentos e análises
documentais do Arquivo Público do Estado do Pará (APEP) – no que tange ao
conhecimento do processo histórico – dos quais foram selecionados e reunidos
parte dos documentos datados de 1833-1854 (versão digitalizada). Também foi
desenvolvida uma pesquisa bibliográfica que abrange o debate historiográfico
entre pesquisadores que abordam o uso do termo cabano, tais como: Basílio de
Magalhães, Luís Duque, Domingos Raiol, dentre outros; bem como uma literatura
teórica referente a temas como identidade, simbolismos e Cabanada em Pernambuco:
Stuart Hall, Mircea Eliade e Marcus Carvalho, respectivamente. A pesquisa se
apoia igualmente em relatos orais, obtidos por meio de entrevistas audiovisuais
e conversas informais realizadas durante o I Encontro de Memórias da Cabanagem
(Cuipiranga – Santarém – Pará, jan.
2011). O
termo “cabano”, segundo Duque (1898), seria uma expressão que advém das
diversas revoltas de homens de cor em diversas regiões do Brasil, as quais eram
classificadas como “cabanadas”, de modo pejorativo, devido à formação de seus
exércitos serem compostos de caboclos, índios, mestiços e negros do interior
das províncias, tais como a Cabanagem e a Cabanada ou Revolta das panelas, (além
de significar os que habitavam em casas muito pobres alcunhadas de
“cabanas”). Partindo de tais pressupostos, infere-se que os recentes estudos sobre
a cabanagem deslocada dos arredores de Belém e norteada na protagonização no
Baixo Tapajós e Médio Amazonas; o processo de resistência ao capital
estrangeiro e projetos governamentais neoliberais para a Amazônia (construção
de numerosas hidrelétricas, dentre outros) e o processo de emancipação política
das regiões oeste e sul do Estado do Pará (Projeto Estado do Tapajós e Carajás
respectivamente); de certa forma tem sido tomado como base para a apropriação identitária
do termo “novos cabanos” (por parte das categorias sociais citadas acima), mediante
um processo de ressignificação
atrelado a qualidades como bravura, coragem e resistência observadas e compartilhadas
no cotidiano dos “ancestrais cabanos”, o que por si só externa uma noção de
identidade, significados e adoção de simbolismos como discutem Canclini (2006,
p. 190) e Hall (2006, p.65). Este delineamento se situaria na
interface de cultura, a qual Geertz (1973, p. 245, 89) define como
um sistema ordenado de significados e símbolos, em cujos termos os indivíduos
definem seu mundo, revelam seus achados e fazem seus julgamentos; é, pois
também um padrão de significados, transmitidos historicamente, incorporados em
formas simbólicas por meio das quais os homens comunicam-se, perpetuam-se,
desenvolvem seu conhecimento sobre a vida e definem sua atitude em relação a
ela.
Palavras-chave: movimentos sociais;
ressignificação de identidade; novos cabanos.
DADOS CATALOGAIS INTERNACIONAIS DE PUBLICAÇÃO:
MELO, Wilverson R. S. de. “Novos cabanos”: o recente processo de ressurgimento e ressignificação de identidade no Baixo Tapajós. In: VI CONGRESSO INTERNACIONAL DE HISTÓRIA, 2013, Democracia e Autoritarismo no Mundo Contemporâneo (Anais) ... Maringá: Universidade Estadual de Maringá (UEM), 25-27 de Setembro de 2013. v.6. pág. 1-13.
TRABALHO COMPLETO DISPONÍVEL EM: http://www.cih.uem.br/anais/2013/trabalhos/437_trabalho.pdf
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