Índio Mura

sábado, 29 de dezembro de 2012

Cortina de Silêncio ou Efeito do Tempo?????

É preciso registrar, que os fatos e acontecimentos mais simplórios e ao menos curiosos, a respeito da Guerra da Cabanagem, são abrigados nas memórias dos mais antigos que outrora eram denominados "de Guardiães das Memórias". Faz-se necessário agilizarmos os registros e coletas dessa história oral, pois muitos desses depoentes estão sujeitos aos efeitos do tempo e das circunstâncias.
Num passado remoto, uma cortina de silêncio fora imposta a cada um destes que foram protagonistas ou ouvintes da história a eles perpassada, dentro de uma concepção europeizante de subalternidade em emplacar o exímio esquecimento deste grande e salutar movimento; hoje, ao terem oportunidade de contar sua "história" e revelar-nos acontecimentos próprios de sua vivência, bem como fatos simpliciter da Revolução Cabana, muitos desses depoentes se deparam com o desgaste e efeito do tempo dentro de um processo de envelhecimento, o qual caminha para o suspiro e seu silenciamento neste plano material.
No último dia 23 de dezembro, perdemos uma de nossas grandes depoentes e contribuinte no projeto memórias da Cabanagem, Dona Maria Zenaide do quilombo Pérola do Maicá veio a falecer e levar consigo uma miscelânia de saberes e histórias, todavia, que registre-se que ela nos reportou a uma nova versão de cabanagem negra no baixo Amazonas, protagonizada por um maranhense denominada por ela como o pioneiro na fuga de escravos na região, os quais por sua vez deram início a formação de quilombos, mocambos e cacoais nas margens do amazonas e tapajós.

Corramos e nos apressemos!!! Os guardiães das memórias não esperarão tanto tempo para compartilhar seus saberes e histórias e registrá-las no ímpeto amálgama da historiografia...

É chegada a hora do III Encontro da Cabanagem, geremos expectativas, vamos ao palco histórico de Cuipiranga despidos de todo e qualquer (pré) conceito,, vamos a discussão e debate, para que sob a luz da historicidade construamos teses e reconstruamos pequenos fragmentos dessa história.

"Não foquemos só os acontecimentos marcantes, demos atenção aos detalhes... Os detalhes são como o brilho dos diamantes, é preciso lapidá-lo, leva tempo e esforço, mas quando concluído, é esse brilho que dá significado e significância, e que faz toda a diferença"



Prof. MsC* Wilverson Rodrigo S. de Melo

















Pesquisador de História da Amazônia, mestrando do 
Programa de Pós-graduação em História da UFPE e 
Co-coordenador do III Encontro da Cabanagem

sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

INFORMAÇÕES SOBRE A VIAGEM A CUIPIRANGA


Amigos(as) caravanistas do III Encontro da Cabanagem (04-06/01/2013),
Sejam todos bem acolhidos nesta comitiva que já é histórica por juntar-nos em torno do respeito e da celebração da memória das lutas dos povos da região. Obrigado pela disposição de cada uma de vocês em se juntar a nossa comitiva. Este Encontro é um desdobramento da Caravana da Memória Cabana (2010), que visitou lugares-chave na história da Cabanagem (1835-1840) no Baixo Amazonas, para recolher relatos das lembranças da população sobre esta guerra. E Cuipiranga é certamente o lugar mais significativo da resistência frente ao domínio dos portugueses. O nosso objetivo é reunir-nos com os moradores e celebrar esta história de teimosia e vitória do povo da região.

Para que seus três dias em Cuipiranga possam ser bem desfrutados, temos aqui algumas informações básicas e cuidados que devem ser tomados.
1. Barco: Ida - O Barco MENDES LEAL, que vai nos levar a Cuipiranga, estará em frente ao Posto Santo Antônio, perto do Mercado de Peixe. Sairemos de Santarém Às 07:00 hs no dia 04/01/2013 (6ª feira). Para a sua segurança, pedimos que sejam pontuais, para evitar atraso na saída. Os que não são da região, lembrem-se que devem levar suas redes e cordas. A viagem até Cuipiranga dura em média 3 horas, e podem dar um sono no trajeto. Volta – o barco sairá de Cuipiranga, dia 06/01, às 17 horas, chegando a Santarém às 20:00 hs, aproximadamente. Após o almoço de domingo (06/01), haverá tempo para aproveitar a praia, que é muito bonita em frente ao povoado.
Pedimos que os caravanistas fiquem hospedados nas casas dos moradores em Cuipiranga – e eles já estão nos aguardando. Assim, nos intervalos da programação e durante a noite podem interagir e dialogar com essas pessoas que tanto se alegram com nossa visita. Porém, aos que preferirem, podem ficar no barco, que ficará ancorado em frente ao povoado (mas pode sair para abrigo em caso de temporal). Apenas insistimos que se evite o isolamento em relação aos moradores.
Importante: É prudente ter sempre consigo seus pertences de valor (câmeras, gravadores, celulares etc.) e dinheiro, pois haverá pessoas de várias procedências e alguns tem “mau costume”. É bom não facilitar.

2. Alimentação: A coordenação não fornece alimentação, por isso pedimos que cada um leve a sua (no barco há freezer para guardar carnes, frangos, bebidas e outros frios). Essa colaboração pode ser colocada em comum com a família anfitriã, e uma parte deve ser deixada para o almoço de encerramento (piracaia), no domingo, que reunirá todos na praia, caravanistas e nativos. A comunidade ofertará um café da manhã na chegada e talvez nos outros dias. Na comunidade também serão vendidos lanches, refrigerantes, cervejas e refeições (galinha caipira, com certeza). É recomendável que, para seu conforto e higiene, cada um leve seu prato e talheres, copo ou caneco (que servem tanto para o café como para sucos e outros usos), pois não usaremos copos descartáveis, em respeito á saúde dos rios.
Importante! No sábado, 05/01, após a Caminhada dos Cabanos, que sai de Cuipiranga, almoçaremos em Vila Amazonas. É mais prático. A comunidade venderá o prato de comida pelo valor simbólico de R$7,00 reais (incluindo suco). È uma forma de ajudá-los também.

3. Roupas e calçados: leves e informais, como shorts, bermudas, saias e blusas, pois o calor de Cuipiranga é quase o mesmo de Santarém (só um pouco mais fresco à noite). Sandálias de dedo (tipo Havaianas) e tênis são bem vindos, principalmente na Caminhada dos Cabanos (aproximadamente 6 km), no dia 05/01. Chapéus de palha ou outros que protejam do sol, bonés e camisas vermelhas são uma sugestão para esta Caminhada. Lembre-se que os cabanos usavam uniformes vermelhos, como vermelha ficou a areia de Cuipiranga devido o sangue derramado na guerra.
Como é bonita a praia, e a água cristalina é própria para o banho, levem roupa de praia e protetor solar, pois haverá tempo para usufruir desse prazer.

4. Interação: Participem sempre nos momentos de discussão sobre a Cabanagem, de levantação e derrubado dos mastros, nos festejos e danças e qualquer outra circunstância de socialização. Haverá até uma festa dançante no sábado à noite.

5. Telefones e Celulares: os da Vivo pegam sinal na praia e na parte mais alta de Cuipiranga. Os da Claro pegam melhor. Telefone fixo não há na comunidade. Mas ninguém sentirá falta. Melhor relaxar e aproveitar. A conexão ali é outra.

6. Repelente: Os de pele mais sensível, é melhor levar, pois pode haver carapanãs. Mas geralmente pernilongos não atacam em Cuipiranga.

7. Como este encontro é de festa e celebração, quem puder, leve uma caixa de fogos de artifício (pistolas), para usar durante a chegada à comunidade, durante a Caminhada dos Cabanos e durante a iluminação no cemitério, além de outros momentos mais festivos.Levem também velas estiarinas para a iluminação no cemitério.

8. Lanterna. É bom sempre ter uma, pois haverá programação à noite em terra, e uma lanterna pode ser muito útil.

Para qualquer outra informação ou sugestão, procurem um dos coordenadores: Rodrigo (9154-6472) w.rodrigohistoriador@bol.com.br, Florêncio (9184-4900) florenciovaz@yahoo.com.br e Carlos Jaime (9129-6463)cj13mandatocoletivo@gmail.com , cujos endereços estão nesta lista.

Muito obrigado desde já.
Santarém, 27 de dezembro de 2012
A Coordenação da Caravana ao III Encontro da Cabanagem

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Cabanos e Legais no Baixo Amazonas... Tessitura historiográfica para o III Encontro da Cabanagem em Cuipiranga (Santarém - 4 a 6 de janeiro de 2013)

Cabanos e Legais no Baixo Amazonas... Tessitura historiográfica para o III Encontro da Cabanagem em Cuipiranga (Santarém - 4 a 6 de janeiro de 2013)

Mais um ano se aproxima, teremos nosso III Encontro da Cabanagem num dos maiores palcos da resistência cabana no interior do antigo Grão-Pará - CUIPIRANGA em Santarém.
A comunidade de Cuipiranga em sua singela geografia guarda uma riquíssima história protagonizada por valentes homens que ousaram desafiar todo e qualquer “poder constituído” em pleno século XIX, em detrimento de melhoria de vida e aquisição de dignidade. Vale ressaltar que o lugar abarca um forte misticismo e espiritualidade, repleto de estórias sobre “visagens”, curupira, jurupari, mãe d’água, dentre tantos outros – os quais compõem de forma imagética o imaginário amazônico.


Prof.º MsC* Wilverson Rodrigo S.de Melo ¹

Dentre os seis grandes movimentos de rebelião ocorrido no período Regencial do Império brasileiro (Balaiada, Revolta dos Malês,Sabinada, Cabanada, Farroupilha e Cabanagem), a Cabanagem fora o único movimento quase que essencialmente popular, que passou de uma simples agitação ou insurreição para uma tomada efetiva do poder segundo Caio Prado Jr (1933).
E foi justamente essa ação de caráter popular que muito incomodou o governo regente imperial da época, levando tanto o Regente Diogo Feijó quanto o Regente Araújo Lima a reprimirem com tamanha violência os cabanos, ao ponto de serem dizimados cerca de 25 a 50 mil amazônidas em toda a região do Grão-Pará.
A pequena comunidade de Cuipiranga registra traços marcantes e simbólicos deste massacre, até mesmo em seu nome, pois “CUIPIRANGA” significa areia vermelha (CUI=areia + PIRANGA=vermelha), nome que segundo os comunitários, justifica-se pela grande quantidade de sangue derramada na areia da praia em meados de 1837, que na época abrigava cerca de 3.000 pessoas entre homens, mulheres e crianças (população superior ou igual a Vila de Santarém na década de 30 do século XIX).


Bem, é melhor pararmos por aqui!!!


Queria saber mais?? Se animou??  Sentiu vontade de conhecer um pouco mais sobre a sua história?? Sobre a história da Amazônia?? A história do Brasil??


Então não fique de fora dessa!! Venha para o III Encontro da Cabanagem, não se surpreenda se a história dos cabanos se assemelhar a sua própria história, pois o sangue deles também jorra em tuas veias – Afinal, são nossos ascendentes, haja vista que todos somos frutos de uma grande miscigenação pluriétnica.







¹ Pesquisador de História da Amazônia; Mestrando do Programa de Pós-graduação em História da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e Co-coordenador do III Encontro da Cabanagem

Endereço para acessar Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/938421408809372