Índio Mura

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

O quê e porquê?


No ano de 2010 completará 175 anos do início da Cabanagem (e 170 anos do seu fim), a grande guerra quando os indígenas, os negros escravizados e a população trabalhadora amazônica se insurgiu contra os portugueses e os luso brasileiros. Os historiadores consideram que o grosso da guerra ocorreu entre 1835 e 1840, quando os últimos rebeldes se renderam em Luzéa (atual Maués), no Amazonas.
A Cabanagem foi até agora a maior revolta dos povos amazônicos contra a tirania e a dominação. A Cabanagem, nas palavras do historiador Caio Prado Junior (1933) é, “...um dos mais, senão o mais notável movimento popular do Brasil. É o único em que as camadas mais inferiores da população conseguem ocupar o poder de toda uma província com certa estabilidade. Apesar de sua desorientação, fica-lhe contudo a glória de ter sido a primeira insurreição popular que passou da simples agitação para uma tomada efetiva de poder.”
Ainda está forte na memória dos mais velhos as imagens da violência da repressão e do heroísmo dos rebeldes. É visível também a grande cortina de silêncio e desinformação sobre este fato histórico, que certamente foi o mais significativo do ponto de vista da resistência dos povos da Amazônia frente à colonização. A população local, descendente dos próprios cabanos, pouco sabe sobre essa história.
A justificativa deste projeto é retratar esse esquecimento histórico, fazendo uma comemoração memorial deste evento histórico da maior importância que estimule a seguinte reflexão: o que teria sido um Brasil em que os índios, escravos e mestiços tivessem se rebelado contra o colonizador e estabelecido-se no poder de forma efetiva?

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