Índio Mura

segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

Nos Bastidores do VI ENCONTRO ABERTO DA CABANAGEM

VI Encontro Aberto da Cabanagem - Cuipiranga/Santarém/Pará/Amazônia/Brasil - 8-10/01/2016


De forma singela, instigante e cheio de expectativas é que ocorreu este VI Encontro Aberto da Cabanagem. O evento que já virou tradição e organizado pelos próprios moradores de Cuipiranga, este ano teve várias atrações, momentos importantísssimo de discussões e teve como clímax o discurso comunitário em se apropriar e apoderar-se de sua própria história e memória da Cabanagem na pequena comunidade.
O evento pode ser dividido em duas grandes vertentes: a acadêmica e a cultural. Na vertente que se propõe a ser nomeada como acadêmica tivemos momentos de discussão da Relação Cabanagem com o Nheengatu; falas de como ocorreu a Cabanagem em Cuipiranga e no Baixo Tapajós; os múltiplos sentimentos de antilusitanismo que provocaram atos como ritos de morte aos portugueses etc.




Na vertente da parte Cultural, tivemos atividades como o toque do Marbaixo; Marambiré; festa dançante com destaque para o Carimbó; e um momento de rememoração dos feitos cabanos durante uma celebração ecumênica no cemitério "cabano".






Destacamos também a caminhada que simulou uma das rotas de fuga dos cabanos que por hora em meados do Oitocentos fugiam do lado do Rio Arapiuns para o Rio Amazonas e vice versa.




 Entre todas as atividades propostas, queremos dar destaque para as 3 devoluções ou entrega de produções feita a comunidade. 1º: a exibição do documentário Guerra dos Cabanos de Renato Barbieiri; 2º: a entrega do Livro Terra de Revolta da historiadora e antropóloga Ana Renata Pantoja; 3º: a entrega da Dissertação "Tempos de Revolta no Brasil Oitocentista: ressignificação da Cabanagem no Baixo Tapajós 1831-1840" do historiador Rodrigo Melo.

Na fala de Renato: "O importante é dar o retorno a comunidade, é devolver a produção da história que antes de ser do Brasil é local".




Segundo a historiadora Ana Renata: "o pesquisador tem que ter o dever ético de devolver aos seus depoentes a produção, porque em seu livro conta as memórias, histórias e experiências de vida dos moradores. O próprio título da Tese e agora do Livro veio de Cuipiranga. Um dia na praia, conversando com seu Jonas, ele me disse: Professora isso aqui tudo foi TERRA DE REVOLTA".



O historiador Rodrigo Melo ao entregar sua Dissertação a comunidade, usou a frase de Jeanne Marie Gagnebin para expressar o devir histórico e dever ético-moral em dar um retorno a comunidade: 

"O Historiador atual se vê confrontado com uma tarefa também essencial, mas sem glória: ele precisa transmitir o inenarrável, manter viva a memória dos sem-nomes, ser fiel aos mortos que não puderam ser enterrados. Sua “narrativa afirma que o inesquecível existe” mesmo se nós não podemos descrevê-lo. Tarefa altamente política: lutar contra o esquecimento e a denegação é também lutar contra a repetição do horror (que, infelizmente, se reproduz constantemente). 
 Tarefa igualmente ética e, num sentido amplo, especificamente psíquico: as palavras do historiador ajudam a enterrar os mortos do passado e a cavar um túmulo para aqueles que dele foram privados".

 

Estes foram os principais momentos do VI ENCONTRO ABERTO DA CABANAGEM... Em breve teremos aqui no blog as percepções e descrições de alguns caravanistas que foram pela primeira vez no evento.... Aguardemos! 


Coordenação do VI ENCONTRO ABERTO DA CABANAGEM 2016.

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