segunda-feira, 5 de julho de 2010
Reminiscências de uma viagem a um Brasil profundo
quarta-feira, 30 de junho de 2010
Impressões sobre a Caravana da Memória Cabana
Algumas semanas e as minhas memórias começaram a se solidificar e se reconstruir, como diria nosso querido antropólogo "cabano" Leandro, e aqui estou escrevendo mais uma vez. Interessante pensar que elas sempre terão plasticidade, podendo se modificar e se agrupar com outras, incontáveis vezes. Claro, eu ter entrado de férias e ter conseguido um computador com internet contribuiu crucialmente para que após esse aparente hiato esse texto esteja aqui.
sexta-feira, 18 de junho de 2010
Frutos da Caravana da Memória Cabana
Das diversas idéias que surgiram dentro da Caravana da Memória Cabana, uma delas foi a de criar um Grupo de Assessoria Jurídica aos Povos Tradicionais do Baixo Tapajós, pensada pelo Leandro (Antropólogo) e endossada pelos alunos do curso de Direito da Universidade participantes do projeto.
Interessante pensar que, talvez obra do destino, arquitetada pelas almas dos cabanas que jazem na região e seus clamores que ecoam pelo tempo e espaço, ao voltar para Santarém, em uma reunião do DCE (Diretório Central dos Estudantes) da Universidade , foi posta em pauta a criação do NAJUP (Núcleo de Assessoria Jurídica Popular). Caiu como uma luva na idéia de criação do grupo de assessoria jurídica, pois perfeitamente poderia existir como parte especializada dentro do NAJUP.
quinta-feira, 17 de junho de 2010
Depoimento de Florêncio Vaz

Visitamos nove comunidades ou grupos, incluindo o encontro com quilombolas em um bairro de Santarém. Temos agora um arquivo de quase 50 horas de entrevistas em vídeo e outras tantas em áudio, o que já constitui seguramente o maior arquivo do tipo sobre as memórias da Cabanagem no Oeste do Pará. Aproximadamente 80 pessoas de diferentes comunidades deram seus depoimentos. As fotos captaram rostos, expressões e paisagens lindas. As anotações feitas pelos membros da Caravana ainda vão dar muitos frutos.
Digo que o resultado foi um sucesso total quando me refiro aos profundos impactos que a CARAVANA provocou nos moradores das comunidades visitadas e seus vizinhos, que acorreram aos locais para nos encontrar e que ficaram estimulados a lembrar e recontar suas histórias, mitos e sonhos. Sem contar que as pessoas aproveitaram o momento para mostrar danças tradicionais, bebidas e beijus, para fazer fogueiras e rituais. Falar da Cabanagem para eles é falar e vivenciar o seu "modo de vida total", incluindo o tarubá, o xibé e a comida coletiva.
Mesmo moradores de lugares que não foram visitados pela Caravana se interessaram e seus moradores chegaram a alguns dos locais por onde passamos. Outras comunidades mais distantes passaram a olhar com mais atenção para a cabanagem e o seu papel na história regional. Eles estão falando mais das suas lembranças sobre o seu passado. E aguardam a sua oportunidade de também contar as suas histórias.
Na cidade de Santarém, a mídia local deu bastante espaço para a Caravana, e vários caravanistas falaram da importância dessa guerra para a história da Amazônia e até do Brasil. A Rádio Rural promoveu um “debate” somente sobre a Cabanagem e a Caravana. Certa vez, antes de entrevistas os “paulistas”, uma repórter perguntava “por que pessoas vêm de São Paulo em busca das memórias da cabanagem, enquanto os moradores daqui mesmo não se interessam?” Certamente, depois dessa provoção muitos começaram a se interessar.
A viagem também provocou impactos nos participantes da Caravana, paulistas e paraenses. Todos voltamos aos nossos mundos transformados e envolvidos nessa ambiência da vida do povo do interior da Amazônia, sejam eles negros, indígenas, ribeirinhos ou outros. Por isso, o grupo decidiu dar continuidade ao projeto coletivo. Os frutos não demorarão. Na verdade já estão aí.
No coração, a saudade das pessoas simples e acolhedoras, dos seus sorrisos e dos seus abraços. Não tem como evitar. NÓS VOLTAREMOS, E SEREMOS MAIS. VOLTAREMOS E SEREMOS MUITOS, MILHARES, POIS NÓS SOMOS OS CABANOS(AS) VIVOS DE HOJE, E AINDA ESTAMOS DE PÉS.
sexta-feira, 4 de junho de 2010
O Olho do Infinito
Viemos todos, de diversos cantos.
Nos unimos. Porque?
Havia a pergunta, e no início era apenas o que havia.
Respiramos fundo, mergulhamos, mãos dadas, olhos abertos.
Encontramos a escuridão, ela nos cumprimentou.
Olhamos e vimos ao longe uma chama pequena, tímida, convidativa.
Fomos mais fundo e a pequena chama se agigantou.
Pisamos no chão agora frente a frente com a claridade.
Pudemos ouvir passos, o baque surdo de pés no chão. Sentir gostos, amargos, doces, ancestrais.
Ao nosso redor, vultos, movimentos, mãos e pés, pinturas no corpo. Expressões sendo delineadas.
A Floresta envolveu-nos. Nos ninou em seus fortes braços, disse para não termos medo.
O Silêncio então se fez, e O Passado se abriu através das chamas.
Havia algo ali. Vozes. Aqueles que se foram.
Correntes quebradas, sonhos de "Aruanda".
Uma canoa na beira do rio. Ela jamais veria seu dono novamente.
Flechas quebradas.
Havia a memória, e enfim aqueles que a ouviriam.
quinta-feira, 3 de junho de 2010
Recepção alegre em Cuipiranga

Sejam benvindos, neste lugar
E nesta terra podem pisar
Estamos prontos, para abraçar.
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Você realmente quer saber
O que aconteceu, há muitos anos atras
O movimento, chamado Cabanagem
foi a revolução publicada nos jornais.
.
Um dos sinais, foi a igreja construída
feita com barro e pedra, so tem as laterias
A cor da areia é de cor avermelhada
Foram sangue derramado, com vítimas fatais.
.
Ainda tem marcas de canhão de defezas
E no rosto das pessoas se vê a semelhança
Cuipiranga foi o centro do combate
Matavam sem piedade, os adultos e crianças."
quinta-feira, 27 de maio de 2010
O Galo de "Aruanda"

Minha ida a comunidade de remanescentes de quilombos do Arapemã residentes no Maicá foi caracterizada por diversos relatos de quilombolas sobre suas lutas pela liberdade, tanto de seus antepassados quanto daqueles que ali estavam.
Primeiramente, fizemos uma oração para que Deus abencoasse a todos os presentes. Após, incidentalmente, comecou-se a falar sobre o chibé ou jacubá, alimento essencial do pescador. Houveram risos descontraidos, adaptando-se às cameras que tudo filmavam.
Um relato antigo, que ja não possuia um dono, para mim foi ícone da sempre viva luta pela liberdade compreendida em todas suas possibilidades. Falou de quando, na época da Cabanagem, após presenciarem um dos seus ser severamente espancado, alguns escravos decidiram fugir embarcando em uma canoa na calada da noite. Após a alcancarem, começaram a remar frenéticamente. O dia começou a raiar, e um galo foi ouvido.
Eles se perguntaram se aquele seria um galo de "aruanda". Alguns disseram que sim, outros que nao. Alguém falou que era o galo do senhor (da senzala).
Triste desventura, puderam ver com a luz do sol que a canoa jamais havia saído do lugar, pois não tinha sido desamarrada da margem do rio.
Subitamente, o senhor surgiu e indagou o que eles faziam ali. Todos emudecidos, foram levados de volta ao cativeiro e duramente castigados.
Um sonho que se transformou em pesadelo, um sonho de liberdade frustrado pelo peso da realidade.
Eis ai a inegável forca dos quilombolas, que ontem e hoje continuam buscando a plenitude de suas existências.
Para finalizar, almoçamos todos na casa de um dos quilombolas e nos despedimos levando um pedaço do passado de nossos anfitriões.
terça-feira, 25 de maio de 2010
Primeiro dia da Caravana!

No último dia 24 deste mês (ontem), a Caravana da Memória Cabana se dirigiu a Vila de Alter do Chão na casa de Dona Dulce no lago do Jacundá com o intuito de registrar e documentar as memórias dos mais antigos. Lá fomos acolhidos com muita hospitalidade pelos moradores da aldeia Borari, em especial o Sr. Maduro, que nos ofereceu um delicioso almoço (galinha no limão/receita do S. Castelo...acho que depois desta devem contratá-lo para cozinhar em São Paulo, estava delicioso de verdade!) Muitos guardiões da memória, como dona Cassemira, dona Zuleide, S. Severino, dentro outros, abriram o seu livro da vida nos revelando histórias da Cabanagem que ouviram de seus pais e avós quando todos estes se reuniam após o almoço na cozinha ou no pátio - espécie de sala das moradias da Amazônia - ou até mesmo na varanda da casa em dias de luar - estes dois são costumes muitos corriqueiros em nossa região - para conversar e contarem sobre os rastros, os mitos, os contos e os mistérios que permeiam em torno dos espíritos protetores da floresta e das águas, inclusive sobre os Cabanos e Legalistas no período da Cabanagem.
quarta-feira, 19 de maio de 2010
Ilustradora Cabana

terça-feira, 18 de maio de 2010
Fotógrafa Cabana

terça-feira, 11 de maio de 2010
Programação da Caravana
22/05- sábado - Reunião de entrosamento e discussão dos objetivos e idéias do projeto. Local: Convento São Francisco;
23/05 - domingo - Início dos trabalhos de registro de depoimentos de pessoas idosas, em Santarém;
24/05 - 2a feira – Alter do Chão;
25/05 - 3a feira – Associação Quilombola, bairro Pérola do Maicá, Santarém;
26/05 – 4ª feira - Início da viagem de barco, com a primeira parada em Cuipiranga, rio Arapiuns;
27/05 - Lago da Praia, rio Arapiuns;
27/05 - Vila Franca, rio Arapiuns;
28/05 - Santo Amaro, rio Tapajós;
29/05 – Pinhél, rio Tapajós;
30/05 - Bragança, rio Tapajós;
31/05 – Retorno a Santarém
01/06 – Avaliação, planejamento das ações de continuidade do projeto e comunicação à imprensa. Despedida.
Nesse plano, ao todo são 10 dias entre a chegada dos participantes e o encerramento dos trabalhos.
Contatos: Prof. Frei Florêncio Almeida Vaz (tel. 093-9903-7674)
florenciovaz@uol.com.br
segunda-feira, 3 de maio de 2010
Jornalista Cabano
sábado, 1 de maio de 2010
Poesia Cabana

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As águas do tempo
Circulam em minhas veias
Memórias de um tempo de luta
De um tempo de sonhos
Tempo de esperanças...
De tiros ecoando nas lembranças
De meus velhos ancestrais.
Cabanas pegando fogo
Coração pulsando forte...
Era o grito da justiça
Ecoando pela floresta
Se misturando ao murmúrio das águas revoltas
Ecoando pelo tempo
Pelos sonhos de igualdade.
É minha pele de homem
É minha cultura de índio
É minha cor de negro
É meu sangue cabano
Que ainda escorre pela vala do tempo
E ensina a lutar por justiça
A igualdade de todas as bandeiras
De todas as vozes
Da nação brasileira.
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ctpoeta@yahoo.com.br
terça-feira, 27 de abril de 2010
Sarau em Homenagem à Cabanagem
Antropólogo Cabano
sexta-feira, 26 de março de 2010
Cineasta Cabano

quinta-feira, 25 de março de 2010
A Cabanagem começou aqui!
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quarta-feira, 24 de março de 2010
Encarte sobre a Cabagem
Editado pelos jornalistas Manuel Dutra e Celivaldo Carneiro, o material jornalístico é para ler e guardar dado o seu conteúdo riquíssimo, com ilustrações e fotografias raras.
As reportagens e entrevistas estão expostas em 28 páginas, e podem ser copiadas livremente pelos internautas.
Fonte: http://www.jesocarneiro.com.br/
Link pra acessar o caderno
http://www.calameo.com/books/0002154336cb054c09126
domingo, 21 de março de 2010
Fotógrafo Cabano

sexta-feira, 19 de março de 2010
Os primeiros integrantes da Caravana


“Como as mulheres mais velhas foram as principais responsáveis pelo repasse desta memória rebelde, e foi por causa do que nossas avós nos contaram que hoje sabemos algo da versão dos 'vencidos', penso que ainda da falta ouvir e documentar mais a voz dessas mulheres. E elas estão quase todas morrendo. Que tal você vir aqui, gravar a voz delas? A imagem delas? Disso pode resultar poesias, livros de memórias, documentário... Nem sei. Mas que isso fique gravado para os que virão já seria algo tão maravilhoso. E justo neste momento em que nossa gente se interessa tanto pela sua história, sua origem, sua memória. Você tem uma vontade, ousadia, própria para essa iniciativa.”
segunda-feira, 15 de março de 2010
Imagens Cabanas
sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010
O quê e porquê?
A Cabanagem foi até agora a maior revolta dos povos amazônicos contra a tirania e a dominação. A Cabanagem, nas palavras do historiador Caio Prado Junior (1933) é, “...um dos mais, senão o mais notável movimento popular do Brasil. É o único em que as camadas mais inferiores da população conseguem ocupar o poder de toda uma província com certa estabilidade. Apesar de sua desorientação, fica-lhe contudo a glória de ter sido a primeira insurreição popular que passou da simples agitação para uma tomada efetiva de poder.”
Ainda está forte na memória dos mais velhos as imagens da violência da repressão e do heroísmo dos rebeldes. É visível também a grande cortina de silêncio e desinformação sobre este fato histórico, que certamente foi o mais significativo do ponto de vista da resistência dos povos da Amazônia frente à colonização. A população local, descendente dos próprios cabanos, pouco sabe sobre essa história.
A justificativa deste projeto é retratar esse esquecimento histórico, fazendo uma comemoração memorial deste evento histórico da maior importância que estimule a seguinte reflexão: o que teria sido um Brasil em que os índios, escravos e mestiços tivessem se rebelado contra o colonizador e estabelecido-se no poder de forma efetiva?